A Chacina de Mãe Luiza, como ficou conhecido o triste episódio, no entanto, foi apenas a ponta de um iceberg, pois trouxe a tona diversas denúncias de outros crimes semelhantes, sempre relacionados à extorsão Policial nas regiões mais pobres e afastadas da cidade - envolvendo, além de Jorge Abafador, outros Policiais civis sob o comando do próprio Secretário-Adjunto de Segurança Pública, Delegado Maurílio Pinto de Medeiros. Ao todo, são mais de 50 (cinquenta mortes) imputadas a este grupo de extermínio - além de inúmeras denúncias de arbitrariedades.
MORTICÍNIO
STPM JOTA AMARIA - MOSSORÓ-RN, 19 DE JULHO DE 2010
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segunda-feira, 19 de julho de 2010
CHACINA DE MÃE LUIZA - NATAL
A Chacina de Mãe Luiza, como ficou conhecido o triste episódio, no entanto, foi apenas a ponta de um iceberg, pois trouxe a tona diversas denúncias de outros crimes semelhantes, sempre relacionados à extorsão Policial nas regiões mais pobres e afastadas da cidade - envolvendo, além de Jorge Abafador, outros Policiais civis sob o comando do próprio Secretário-Adjunto de Segurança Pública, Delegado Maurílio Pinto de Medeiros. Ao todo, são mais de 50 (cinquenta mortes) imputadas a este grupo de extermínio - além de inúmeras denúncias de arbitrariedades.
CHACINA DE GILSON NOGUEIRA
Gilson Nogueira tinha apenas 32 anos, mas sua morte, não obstante tenha chocado a todos pela violência com que foi perpetrada, não se constituiu propriamente em nenhuma surpresa. Todos os que o conheciam sabiam que ele seria assassinado. Ele próprio sabia que teria morte violenta. Todas as autoridades - estaduais e federais - que vieram a ter conhecimento da sua atuação como advogado das familias das vitimas dos "Policiais Meninos de Ouro" tinham consciência da sua morte tão anunciada. Eram tão graves as ameaças que sofria, que chegou a contar, juntamente com Luiz Gonzaga Dantas, também do CDHMP, com segurança promovida por Policiais federais, por um período de 09 (nove) meses. Entretanto, esta segurança foi abruptamente suspensa por ordem do Ministério da Justiça, sem maiores esclarecimentos, no mês de junho de 1996.
CHACINA DE SANTO ANTÔNIO DO POTENGI
CHACINA DE URUAÇU
Três meses depois aconteceu o martírio de mais 80 pessoas, e sempre pelas mãos dos calvinistas holandeses. Entre elas estava o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento". Isso aconteceu na Comunidade de Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante (a 18 km de Natal), no mês de setembro de 1645.
Contam os cronistas que as notícias dos graves e dolorosos acontecimentos de Cunhaú se espalharam rapidamente por toda a capitania do Rio Grande do Norte e capitanias vizinhas. A população ficou assustada e temia novos ataques dos tapuias e potiguares, instigados pelos holandeses.
Também desta vez tudo aconteceu sob o comando de Rabe, ajudado pelo chefe potiguar Antônio Paraopaba.
Os índios já tinham sido avisados das intenções dos dois e lá estava o chefe potiguar com os seus comandados: mais de duzentos índios, bem armados.
Logo que desceram dos batéis, os flamengos ordenaram aos moradores que se despissem e se ajoelhassem. A um sinal dado por eles, os índios, que estavam emboscados, saíram dos matos e cercaram os indefesos colonos.
Teve início, então, a terrível carnificina, descrita com impressionante realismo pelos cronistas portugueses. Nas descrições, nota-se o contraste entre a crueldade dos algozes e a resignação e o perdão das vítimas:
"Começaram a dar tão desumanos e atrozes tormentos aos homens que já muitos dos que padeciam tomavam por mercê a morte. Mas os holandeses usaram da última crueldade entregando-os aos tapuias e potiguares, que ainda vivos os foram fazendo em pedaços, e nos corpos fizeram anatomias incríveis, arrancando a uns os olhos, tirando a outros as línguas e cortando as partes verendas e metendo-lhas nas bocas..." (Santiago).
A descrição da morte de Mateus Moreira é o ponto mais expressivo de toda a narrativa de Uruaçu e constitui um dos mais belos testemunhos de fé na Eucaristia, confessada na hora do martírio.
"Os algozes arrancaram-lhe o coração pelas costas, e ele morreu exclamando: 'Louvado Seja o Santíssimo Sacramento."
CHACINA DE CUNHAÚ
A chacina de Cunhaú
O movimento de insurreição contra o domínio holandês já começara em Pernambuco, mas, na capitania do Rio Grande do Norte, tudo parecia normal. Bastou, porém, a presença de uma só pessoa para que o clima se tornasse tenso: Jacó Rabe, um alemão a serviço dos holandeses. Ele chegara a Cunhaú no dia 15 de julho de 1645.
Rabe era um personagem por demais conhecido dos moradores de Cunhaú. Suas passagens por aquelas paragens eram freqüentes, sempre acompanhado dos ferozes tapuias, semeando por toda parte ódio e destruição. A simples presença de Rabe e dos tapuias era motivo para suspeitas e temores.
"Além dos tapuias, Jacó Rabe trazia, desta vez, alguns potiguares e soldados holandeses. Ele dizia-se portador de uma mensagem do Supremo Conselho Holandês, do Recife, aos moradores de Cunhaú.
No dia 16 de julho, Domingo, um grande número de colonos estava na igreja, para a missa dominical celebrada pelo Pároco, Pe. André de Soveral. Jacó Rabe mandara afixar nas portas da igreja um edital, convocando a todos para ouvirem as Ordens do Supremo Conselho, que seriam dadas após a missa.
Como havia um certo receio pela presença de Jacó Rabe, alguns preferiram ficar esperando na casa de engenho.
Chegou a hora da missa. Os fiéis, em grupos de familiares ou de amigos, dirigiram-se à igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Levados apenas por cumprir o preceito religioso, os fiéis não portavam armas, mas só alguns bastões que encostaram nas paredes do pórtico.
O Pe. André inicia a celebração. Após a elevação da hóstia e do cálice, erguendo o Corpo do Senhor, para a adoração dos presentes, a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da Igreja e se deu início à terrível carnificina.
Foram cenas de grande atrocidade: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelo flamengos com a ajuda dos tapuias e potiguares.
Ao perceber que iam ser mesmo sacrificados, os fiéis não se rebelaram. Ao contrário, 'entre mortais ânsias se confessaram ao sumo sacerdote Jesus Cristo, pedindo-lhe, com grande contrição, perdão de suas culpas", enquanto o Pe. André estava 'exortando-os a bem morrer, rezando apressadamente o ofício da agonia" (Verdonk).
Quem sou eu
- José Maria das Chagas
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